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A Autogestão 

   De acordo com o artigo 23 da Resolução CUNI nº1.540, “a conservação e a manutenção das residências estudantis serão compartilhadas entre a UFOP e os residentes”. A conservação e manutenção das casas é realizada exclusivamente pelos moradores, cabendo a eles a administração dos imóveis. Os recursos financeiros para manutenção, preservação e melhorias dos imóveis provém basicamente dos eventos de carnaval organizados pelas repúblicas, hospedagens e eventuais doações de ex-alunos.

   Para subsidiar as reformas são realizados dois eventos que trazem aos moradores além da união em prol da casa, a experiência de organização em eventos. O CarnaPeri e o Bloco Cabrobró são realizados em simultaneamente no cenário carnavalesco ouro-pretano.

  O CarnaPeri é realizado pelos moradores da casa que dividem as tarefas no período de organização do evento. O evento oferece a seus participantes um pacote que inclui hospedagem, alimentação, segurança, limpeza, festas temáticas e blocos universitários para que o folião aproveite ao máximo sua experiência em ouro preto.

 

   Com 16 anos de fundação, o Bloco Cabrobró, é um dos mais tradicionais blocos universitários de Ouro Preto. Realizado em parceria com as repúblicas Adega, Covil dos Gênios, Maracangalha, Pasárgada, e Unidos por Acaso. O evento ocorre no Espaço Folia localizado no Centro de Convenções da UFOP. Com cerca de 8 mil foliões entre pista e camarote, o bloco oferece a cada ano atrações diferentes que atraem a todos os tipos de público.

Para a realização do bloco, são nomeados diretores de cada casa que trabalham no ritmo de uma grande empresa, valorizando também a cultura e a sociedade da cidade de Ouro Preto realizando benfeitorias à comunidade.

No fim, é realizada uma prestação de contas onde todo valor arrecadado é investido integralmente no patrimônio físico da casa para maior conforto, tornando o ambiente mais propicio para estudos e sociabilidade.

 

   Através do sistema de autogestão, ao longo dos anos, foram realizadas diversas melhorias na casa, como:

 “telhado e forro, pinturas, reformas de instalações hidráulicas e elétricas, caixas d’água, além de um sistema de aquecedor solar. Cozinha ampliada e reforma dos banheiros e construção de nossa área externa. Toda manutenção é feita de forma independente a universidade, afirmando o caráter de autogestão”

 

   Na Peri são desenvolvidas relações interpessoais que agregam ensinamentos profundos aos estudantes, quanto a, por exemplo, capacidade de colaboração, preocupação com o outro, espírito de coletividade, com base em amizade e respeito mútuos.

A Autogestão tem impacto na formação política e administrativa dos estudantes diante da mobilização dos mesmos na luta pela manutenção dos imóveis. As repúblicas se apresentam não como um mero espaço a ser compartilhado, mas como um espaço de trocas culturais que contribui para uma formação mais ampla dos alunos da Universidade.

 

 

    A organização interna da casa é fundada sobre uma ordem de prioridade entre os elementos do conjunto e sobre as relações de subordinação entre os membros do grupo, conhecida como hierarquia.

A hierarquia difere de autoritarismo, nas repúblicas a organização hierárquica diz respeito ao próprio funcionamento das casas. Cada grau de hierarquia corresponde a distintas responsabilidades.

   O mais alto grau de hierarquia é o de ex-aluno, aquele que residiu na república durante o período de graduação na UFOP. São também considerados ex-alunos aqueles que, por motivos de afinidade, os moradores tenham decidido em assembleia por homenagear, acrescentando-os assim ao rol de ex-alunos da república.

   O morador mais velho da casa, conhecido como “decano”, além de ter o papel de gerência da casa e condução das assembleias de moradores, corresponde ao principal canal pessoal de comunicação dos moradores com os ex-alunos, no sentido de ouvir as sugestões e críticas e tentar melhorar cada vez mais a casa de acordo com os princípios originais.

   Os moradores mais antigos da república servem para passar os ensinamentos aos mais novos de sua experiência quanto à resolução de problemas, planejamento estrutural e financeiro de reformas, organização de eventos e demais atividades realizadas pelas repúblicas.

   Os chamados “semi-bixo” são os moradores recém-escolhidos que, além de terem as responsabilidades comuns a todos os moradores, são incumbidos de conduzir a “batalha” dos novos ingressantes.

   Os “bixos” se situam na posição mais baixa da hierarquia e estão incumbidos de realizar as atividades mais básicas de manutenção da casa, zelar pela boa convivência com moradores e as demais pessoas, bem como de participar das confraternizações com os moradores, no sentido de preservar as amizades e receber a todos com cordialidade.

   Os candidatos a moradores não participam das assembleias nem das decisões da casa. Além disso, não há assunção por eles de responsabilidades relativas à finanças, visto que os calouros ainda estão em processo de avaliação quanto à honestidade, responsabilidade e comprometimento.

   Responsabilidades como fazer compras, controlar entrada e saída de dinheiro da Associação, efetuar o pagamento de contas, representar a república nas assembleias da REFOP, entre outras atribuições, são exclusivas a moradores.

 

 

 A República Peripatus, desde 1982, mantem um laço de fraternidade e companheirismo entre seus ex-alunos, moradores e amigos. Esses laços criam-se a partir da união dos moradores pelo sentimento comum a casa, assegurando que esse elo nunca se perca.

Para isso, é importante que a boa convivência seja a base do dia a dia, não só entre os moradores, como com a vizinhança e repúblicas amigas, além da Cumadre Cida.

   Mais que um ambiente com as bases para estudos e socialização entre ex-alunos, moradores e amigos. Esses valores podem ser confirmados pela boa convivência entre as repúblicas e amigos, familiares dos moradores, e ex-alunos que ano após ano retornam com o mesmo sentimento de lar para o seu aniversário (no dia 21 de Abril, Data de fundação e comemoração de Tiradentes em Ouro Preto), fazendo questão de apresentar aos seus amigos e familiares este ambiente.

   Tudo isso também reflete na vida profissional, onde os aprendizados pessoais e sociais colaboram para um ambiente mais agradável de trabalho.

   A vivência republicana traz para a vida do indivíduo valores essenciais para a vida: Personalidade, respeito, responsabilidade, organização, companheirismo, união e amor pelo que se faz no dia a dia republicano, constituem o aprendizado muito além do ambiente acadêmico!

  Você calouro, venha morar conosco!

“Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.

Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.

Eu fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.

Deles eu não quero resposta, eu quero meu avesso.

Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco.

Eu quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.

Eu não quero só o ombro e o colo, eu quero também a sua maior alegria.

Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.

Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.

Eu não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade a sua fonte de aprendizagem, mas

lutam para que a fantasia não desapareça.

Eu não quero amigos adultos nem chatos.

Quero-os metade infância e a outra metade velhice.

Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.

Eu tenho amigos para saber quem eu sou.

Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei que

 anormalidade é uma ilusão imbecil e estéril.”

 

 

Loucos e santos - Oscar Wilde

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